Quando Deus precisou de alguem para restaurar a sua harmonia com o homem ele não apontou diretamente um dentre seus servos nem escolheu nenhum deles por vontade própria, mas ao fazer a pergunta: “ Quem irá por nós e, a quem enviarei ? “ essas palavras fez com que todos da orbita celeste tremessem grandemente. Houve segundo muitos estudiosos da teologia, um silencio no céu por meia hora; o momento foi de muita reflexão, todos ali presentes sabiam que as coisas das quais Deus precisa resgatar nunca se é feita sem a presença de derramamento de sangue; quando um sacerdote se apresenta no santo dos santos deve levar sangue de algum animal sem macula; quando o mesmo faz expiação pelo povo tem de comparecer com o sangue da aspersão; quando alguém faz oferta a Deus este deve oferecer uma oblação com sangue, e assim é, pois sem sangue não se podia trazer nada puro a Deus. Esse silencio de meia hora alem de ser aterrador é também constrangedor pois a pergunta além de requerer uma resposta, ela não deve ser duvidosa, temerosa, vazia, tímida, opaca, etc, mas a resposta deveria ser firme e convicta, mesmo depois de avaliada por meia hora. Os anjos vivem em plenitude de paz, harmonia, alegria, prazer, beleza, e glória; e para todos eles a cogitação de deixar o tabernáculo de Deus com toda a sua maravilha seria um ato de loucura e insanidade, entretanto como essas coisas não lhes afetam e como são inatingíveis nesses aspectos, todos e uníssonos deram um sonoro silencio; pois descer até aos homens físico e materialmente em um corpo que a todo momento se corrompe tanto da parte moral como carnal e sem contar das agruras e turbações do cotidiano humano, para quem vive desde o momento em que foi gerado em excelência e graça refulgente, é um passo para um preço alto demais, talvêz para eles alem das alturas dos céus. Para se ter uma idéia da grandeza do trabalho do resgate humano e do que representava para Deus a prestação deste serviço, era entendido e sabido por todos os anjos que o autor da consumação daquela obra seria por toda a eternidade revestido de fama, glórias, um nome mais elevado, diademas, variadas coroas etc; …este com certeza traria um contigente inumeravel de servidores aonde quer que estivesse, se asentaria ao lado do grande trono de Deus e com ele provaria das delicias inéditas, exclusivas, inescrutaveis e sim, por toda a eternidade. Mas mesmo sendo sabedores de todas essas maravilhas e poder, não quiseram ostentar tamanha riqueza nem em pensamento por se tratar de um preço exorbitante demais. A tarefa era árdua e algo jamais experimentado antes, um trabalho potencialmente desconhecido; laborioso, engenhoso, e finalmente extremo, pois se culminava com a morte trazendo o sangue necessário para o resgate humano. Nenhum abriu ou recitou palavra alguma da boca; apesar de serem todos capazes e poderosamente habilitados no que se refere a redenção do homem, pois o maior dentre os homens é menor que o menor dos anjos. Mas é em meio a tanta expectativa que surge uma voz que diz e reponde ao apelo lançado por Deus quebrando toda quietude dizendo: “ Eis-me aqui, envia-me a mim” e o que se seguiu foi um murmúrio sem fim e conflitante pois quem esperava que alguém da trindade se colocasse a disposição de uma jornada tão desgastante e áspera ? Fazer o que Jesus fez era surreal, inimaginável, e inviável para a posição dele. Depois da grande audácia transgressora que houve no céu, essa proeza era tão somente inigualável porque era sacrosanta e não efêmera. Imagine um homem poderoso e que vive em meio ao luxo com muita fidalguia, em que ele tem urgência de restaurar sua obra de arte mais cara e magnífica e, que para isso teria de penhorar a sua exultante bela e reluzente face, mesmo que depois toda essa sua reluzente e bela face retornasse como dantes, seria fácil tal sacrifício ?? seria coisa de somenos penhorar a mais preciosa das almas para resgatar tantas outras destinadas ao infortúnio? Entrar nesse nosso mundo com o destino já traçado e escrito, realmente não era coisa para anjos nem para homens e sim para um Deus. Jesus, o Deus filho da trindade.
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